Viver 2020 não foi para amadores. Ainda assim, apesar de tantos desafios, o ano foi também de extrema importância no que nos diz respeito às conquistas da agenda de sustentabilidade global. Com isso, a Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) traçou algumas perspectivas ambientais para este ano.
A entidade, que reúne cerca de 80 profissionais de todas as regiões do Brasil, fez ainda um balanço de 2020 e todos os impactos causados pelas queimadas, desmatamento, pandemia, isolamento, desemprego, entre outros. Veja abaixo os pontos-chave do que esperar para este ano que se inicia.
Realização da COP 26 e COP 15
As perspectivas ambientais para 2021 trazem importantes eventos relacionados ao meio ambiente como a 15ª Conferência das Partes (COP 15) da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), que seria realizada em outubro passado, na China, mas foi adiada por causa da pandemia da Covid-19; e acontecerá de 17 a 30 de maio, em Kunming, mesma cidade onde estava programada inicialmente, na província de Yunnan.
O evento será uma grande oportunidade para Chefes de Estado e de Governo e outros líderes mundiais debaterem o desenvolvimento da estrutura de biodiversidade global pós-2020 a ser adotada na 15ª reunião da Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (Cop-15).
O outro importante evento também adiado e remarcado para este ano é a COP 26, prevista para acontecer de 1 a 12 de novembro, em Glasgow, Escócia.
Eleições nos EUA Renovam as Perspectivas Ambientais
A eleição do presidente Joe Biden nos Estados Unidos e o retorno do país ao Acordo de Paris traz perspectivas ambientais positivas, o que irá fortalecer a política ambiental global e influenciar países como o Brasil.
“No governo do presidente Donald Trump foram sistematicamente desmanteladas mais de cem regulações ambientais de grande importância.
O presidente-eleito Biden já indicou que vai começar a, paulatinamente, voltar a implantá-las”, detalha Platais. Já para Dias, a política ambiental de Biden irá impactar e influenciar o Brasil, uma vez que ela é “diametralmente oposta” à política de Trump.
A Década do Oceano
Após encerrar a Década da Biodiversidade, a ONU dá início à Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável em 2021. A iniciativa da entidade é unir esforços de todos os setores relacionados ao mar para reverter o ciclo de declínio na saúde do oceano e criar melhores condições para concretizar o desenvolvimento sustentável.
Para o Brasil, foram conduzidas oficinas para a construção do Plano Nacional de Implementação da Década. A criação de um banco de dados on-line, integrado, transparente e acessível a todos, não somente aos espaços de educação formal, foi a principal necessidade identificada para o país.
Perspectivas Ambientais Positivas na Recuperação Econômica Verde
O ano atual foi marcado por posicionamentos cada vez mais enfáticos das empresas na proteção e conservação do meio ambiente e numa crescente conscientização da sociedade sobre os impactos ambientais de negócios econômicos.
“O fato de os setores financeiros de grande envergadura estarem prestando muita atenção ao impacto que a mudança climática está causando no lucro das empresas é de suma importância. O resultado esperado é que estejamos cada vez mais descarbonizados”, comenta Platais, ex-economista do Banco Mundial.
Outro fator que caminha nessa direção é a adoção e o fortalecimento de boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) pelas corporações, o que tem levado grandes investidores a levarem isso em conta na hora de escolher os negócios que receberão recursos.
Os Novos Hábitos de Consumo
Especialistas indicam que umas das perspectivas ambientais mais emblemáticas seria a mudança dos padrões de consumo da sociedade, em especial da juventude. Segundo eles, este fator é um importante aspecto a monitorar ao longo do próximo ano e década.
Como perspectivas ambientais, os modelos atuais de crescimento econômico estão sendo questionados e a economia circular ganha cada vez mais tração e relevância nesse novo contexto.
Perspectivas Ambientais em Relação às Cidades Sustentáveis
A tendência de cidades em todo o mundo de implantar ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas deve continuar em 2021. No Brasil, especificamente, essa ação deve ser liderada pelos novos prefeitos e vereadores eleitos em 2020.
Exemplos já existem como perspectiva ambiental: o movimento Viva Água, em São José dos Pinhais (PR), que busca contribuir com a segurança hídrica para milhares de famílias e indústrias locais por meio da recuperação do solo e da vegetação da bacia hidrográfica do rio Miringuava. O projeto é uma iniciativa da Fundação Grupo Boticário em parcerias com os governos municipal e estadual, além de empresas e entidades da sociedade civil organizada.
“É preciso dar espaço para a natureza, introduzindo tipologias de Soluções Baseadas na Natureza (SBN) por meio de tetos verdes nas edificações, jardins de chuvas, canteiros fluviais, biovaletas e parques multifuncionais”, explica a membro da RECN e pesquisadora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Cecilia Herzog.
Uma Atenção Maior à Amazônia
Seguindo a pauta dos últimos anos, a política ambiental para proteger a Amazônia continuará a atrair a atenção da população global.
A falta de medidas eficazes para combater o desmatamento – que cresceu 9,5% em 12 meses, passando de 11 mil km² devastados – e preservar povos e terras indígenas seguirá desencadeando pressões ao Brasil vindas a partir da perda de investimentos estrangeiros, boicote a produtos nacionais e sanções comerciais de outros países.