Pesquisadores brasileiros projetaram um protótipo de geração simultânea de água e energia, que poderá ser a solução para regiões remotas, como o semi-árido do nordeste brasileiro.
Membros da Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia) na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) criaram uma espécie de “ilha” de policogeração sustentável, onde são gerados em simultâneo: água destilada, biodiesel e eletricidade.
Característica do Protótipo de Geração Simultânea de Água e Energia
De acordo com a professora e coordenadora do projeto, Carolina Naveira-Cotta, o protótipo de geração simultânea de água e energia combina a utilização de energia solar com a recuperação de calor.
Isso acontece por meio de dessalinizadores de água (obtidos de destilação por membranas) e “microtrocadores” de calor (obtidos de coletores solares).
“Temos painel solar que gera eletricidade e, ao gerar eletricidade, joga fora muito calor no ambiente. Esse calor é recuperado para a destilação de água. Por isso, permite gerar eletricidade simultaneamente à água destilada. Essa água é potável, pode ser usada para consumo humano ou ter algum uso industrial”, explicou, em entrevista à Agência Brasil.
A chamada ilha de policogeração sustentável é formada por um painel fotovoltaico (com capacidade de gerar cinco quilowatts de energia elétrica e 8, de energia térmica) e três conjuntos de coletores solares, para o aquecimento da água. O aparato ocupa uma área de 200 metros quadrados.
O protótipo de geração simultânea de água e energia é flexível e pode ser modificado para uso em outras locais e adaptada para cogeração de outros insumos, dependendo do uso e objetivo.
Protótipo de Geração Simultânea de Água e Energia Como Alternativa no Semiárido
De acordo com Carolina, protótipo de geração simultânea de água e energia pode ser a solução para campos de gás e óleo nearshore, fazendas de produção de energia solar, áreas em conflito ou que passam por desastres naturais; além de regiões remotas e inóspitas, como uma ilha:
“Pode ser aplicado em qualquer lugar que esteja remoto ou inóspito. Então, se pode pensar em uma ilha, uma plataforma, um navio, no semiárido do nordeste, para atender comunidades que dependam de energia e também de água”.
“Se não tem cabo chegando lá, no lugar de queimar diesel no gerador, colocamos um painel, que gera eletricidade e transforma água do mar em água potável”, comentou.
Ainda segundo a pesquisadora, o protótipo descentraliza a geração de energia elétrica para atender a demanda de eletricidade em regiões remotas ou comunidades off-grid. Isso porque a ilha cogera insumos essenciais à qualidade de vida nessas regiões, como água, biocombustível, frio, aquecimento, dentre outros.