Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) estão transformando resíduos de caju em um combustível renovável e ecologicamente correto. O bagaço de caju, uma substância resultante da indústria de castanhas e suco da fruta, está sendo usado para produzir hidrogênio, na esperança de substituir os combustíveis tradicionais derivados do petróleo.
A pesquisa, realizada em parceria com a Universidade de Nápoles na Itália, aponta para um processo de produção de hidrogênio limpo e eficiente. O hidrogênio é considerado um combustível de grande potencial, pois gera até duas vezes mais energia do que os combustíveis fósseis e não emite gases poluentes durante a sua combustão.
Entretanto, a produção e o armazenamento do hidrogênio são geralmente caros e complicados. O novo método desenvolvido pelos pesquisadores, que envolve a conversão microbiológica de água e substratos orgânicos em hidrogênio, tem como objetivo minimizar o gasto energético e o consumo de água, tornando a produção de combustível mais sustentável.
Utilizando o bagaço de caju como matéria-prima, a nova tecnologia tem o potencial de reduzir significativamente os custos do processo. Além de beneficiar ambientalmente, a pesquisa promete um impulso socioeconômico às regiões produtoras de caju por meio do reaproveitamento de resíduos da indústria.
Está em estudo a viabilidade da criação de biorrefinarias voltadas para a produção de uma gama de produtos a partir do bagaço de caju, tal como nas refinarias de petróleo que beneficiam do óleo para produção de diversos derivados. Entre os possíveis produtos estão etanol, ácido lático, sendo esta rota capaz de gerar também um bioplástico, e a obtenção de lignina.
Apesar da recente conquista do Edital de Energias Renováveis da FUNCAP, que auxiliou na aquisição de equipamentos essenciais, a equipe de pesquisa busca agora parcerias e financiamento para a implementação e aprimoramento da tecnologia.