Em um avanço histórico para energias renováveis, a União Europeia (UE) registrou um crescimento impressionante na geração de eletricidade a partir de fontes renováveis, com a energia eólica e solar superando pela primeira vez os combustíveis fósseis no primeiro semestre de 2024. Segundo um recente relatório do thinktank climático Ember, as fontes renováveis representaram 30% da produção total de eletricidade no bloco entre janeiro e junho, demonstrando uma clara tendência em direção a uma energia mais sustentável.
O relatório revela que a geração de eletricidade solar cresceu 20% em relação ao ano passado, totalizando 23 TWh, enquanto a energia eólica teve um aumento de 9,5%, contribuindo com 21 TWh. Juntas, essas energias renováveis apresentaram uma elevação total de 13%, somando 45 TWh. Adicionalmente, a energia hidrelétrica se recuperou, registrando um aumento de 21% (33 TWh) após dois anos com produção substancialmente reduzida devido a secas.
Esses números inovadores evidenciam um desempenho extraordinário das energias renováveis na UE, que agora respondem por cerca de 50% da eletricidade gerada no primeiro semestre de 2024—aumento significativo em relação ao recorde anterior de 44% registrado no ano passado. O relatório também observou que cerca de metade dos Estados-Membros (13 no total) gerou mais eletricidade através de fontes solar e eólica durante este período, com destaque para quatro países (Alemanha, Bélgica, Hungria e Holanda) que atingiram esse marco pela primeira vez.
Chris Rosslowe, analista sênior de Dados Climáticos e de Energia da Ember, declarou: “O primeiro semestre do ano mostra o papel cada vez menor da geração fóssil no setor de energia, e ganhos para as energias renováveis que vão além das variações temporárias nas condições. Estamos testemunhando uma mudança histórica, e ela está acontecendo rapidamente.” Rosslowe acredita que, se os Estados-Membros mantiverem o momentum em suas implementações de energia eólica e solar, a dependência de combustíveis fósseis começará a se dissipar.
O documento revela ainda que a geração de eletricidade por combustíveis fósseis caiu 17% (71 TWh) em comparação com o mesmo período de 2023, representando agora 27% da produção total — uma queda considerável em relação ao índice de 33% no ano passado. O carvão e o gás também enfrentaram reduções significativas: o carvão caiu 24% (39 TWh) e o gás, 14% (29 TWh). Essa queda nos níveis de geração fóssil ocorreu mesmo com uma recuperação modesta na demanda de 0,7%, o que sublinha a eficácia da transição energética em andamento.
Os dados revelam que mais de 75% da redução da geração fóssil foi impulsionada por apenas cinco Estados-Membros, destacando a Alemanha como líder, com uma queda de 19 TWh (-16%). Embora a Europa tenha um histórico de poluição considerável que contribuiu para o aquecimento global, possui algumas das metas mais ambiciosas para descarbonizar sua economia. A invasão da Ucrânia pela Rússia provocou um aumento acentuado nos preços do gás e da eletricidade, acelerando a transição para fontes renováveis.
Com essas reviravoltas no cenário energético, a União Europeia está em uma cruzada direta para minimizar sua dependência de combustíveis fósseis e se firmar como um exemplo global no combate à mudança climática. As recentes vitórias das energias renováveis são um indicativo claro de que o futuro da eletricidade na UE é mais verde e sustentável.