Não importa se sejam de pano ou descartável. Barata ou tecnológica. Você já parou para pensar no que fazer com a sua máscara quando a covid-19 (enfim!) acabar? Depois de questionar esse problema, Alessandra Ponce, estilista especializada em moda consciente encontrou algumas soluções.
Em sua coluna no portal Colabora, a designer afirma que é comprovado que o mercado da moda é o segundo maior poluente do mundo. Em certos materiais, como jeans e poliéster podem levar centenas (ou até mesmo milhares) de ano para se decomporem.
“As (máscaras) de tecido têm tempo curto de vida, indicadas para usar até trinta vezes, e o descarte delas vai se juntar ao volume de roupas que já são jogadas precocemente”, alerta a designer.
Por serem mais econômicas, as de pano foram as escolhidas pela maioria da população do país, o que gera preocupação.
Somente na cidade de São Paulo, foram confeccionadas pelas Escolas Técnicas Estaduais (ETCs) mais de dois milhões de máscaras para a população carente — isso sem adicionar as que foram (e estão sendo!) produzidas por costureiros, artesãos e quem optou por produzir a sua própria.
Por serem parte do nosso dia a dia, as máscaras são uma tendência de moda: as pessoas têm várias delas, com estampas e modelos diferentes.
Para desenhar um panorama fictício da quantidade de máscaras em São Paulo, Ponce simulou a possibilidade de que cada habitante da ‘terra da garoa’ tenha cerca de 5 máscaras.
“Podemos considerar que, só na cidade, já foram gastos 439.698 metros quadrados de tecido. Com toda essa malha, daria para forrar o gramado de 68 campos de futebol!”
Alternativas Para Descarte das Máscaras contra a Covid 19
Como a Anvisa sugere que as máscaras devem ser descartadas depois de 30 usos, ou sempre que o tecido apresentar furo ou desgaste, a designer pensou em algumas alternativas para descartar todo esse montante:
- Retorno de Máscaras e Reciclagem: caso você tenha adquirido as suas máscaras em uma loja, empresa ou confecção, a sugestão é cobrar para que esses locais as recebam de volta e as encaminhe à reciclagem.
- Reaproveitamento e Doação: A segunda sugestão é utilizar os tecidos dessas máscaras para a confecção de materiais artesanais, como colchas de retalhos, vestimentas e fuxicos, por exemplo. Alessandra sugere que caso queira, a pessoa poderá doar a costureiras e/ou artesãos, mas garante que a confecção deste tipo de materiais é uma atividade prazerosa, que não demanda grandes quantidades de tecido.
Moda Sustentável
Entusiasta da moda sustentável, nos últimos tempos Alessandra tinha o pensamento constante de que as pessoas tinha que parar de descartar suas roupas tão precocemente.
A partir dele, que a designer reuniu diversos materiais e escreveu o livro infanto-juvenil “Alinhavos – O futuro do planeta está no seu guarda-roupa”.
Publicado em 2019 pela Panda Books, o livro é o precursor no tema moda sustentável para crianças. “Hoje, quando falamos em uso consciente das roupas, temos que olhar também para as máscaras”, finaliza.
Lixo da Covid 19 Invade Oceanos
A preocupação da designer deve ser levada em conta. As consequências do descarte de materiais utilizados no combate a Covid-19 já estão chegando aos nossos Oceanos. Mergulhadores da ONG francesa, Opération Mer Propre, identificaram milhares de frascos de desinfetante, lucas e máscaras no mar Mediterrâneo.
Esses itens hospitalares só fazem aumentar o lixo que habitualmente polui os oceanos do planeta.
Um dos membros da organização, Joffrey Peltier, considera que este comportamento é um desperdício covarde e que as quantidades de lixo nos oceanos, serão ainda muito superiores no futuro. “Esta é a promessa da poluição que virá se nada for feito”, lamenta.
A organização tem esperanças de que a propagação das imagens do lixo hospitalar nos oceanos conscientize as pessoas a adotar máscaras reutilizáveis (que por ventura, poderão ser recicladas) e a evitar o uso de luvas, optando por higienizar as mãos frequentemente.
“Com todas as alternativas, o plástico não é a solução para nos protegermos da Covid-19. Essa é a mensagem”, finaliza.
