Sustentar uma megalópole como a cidade de São Paulo não é tarefa fácil. Somente sua região metropolitana, possui quase 22 milhões de habitantes, cerca de 10% do total da população brasileira. Por isso, um dos grandes desafios em centros urbanos como esse, é alimentar o imenso aglomerado de pessoas que vivem nestas regiões.
Mas em relação a São Paulo, a solução parece estar na própria terra da garoa: um novo estudo realizado pelo Instituto Escolhas aponta que é possível alimentar a população paulistana de legumes e verduras contando somente com a produção local.
Agricultura Urbana em São Paulo
De acordo com os dados do Instituto Escolhas, atualmente a agricultura urbana tem ganhado extrema importância na região metropolitana de São Paulo.
São mais de 5 mil estabelecimentos agropecuários, sendo que os 39 municípios dessa região produzem 52% dos cogumelos e espinafre e cerca de 10% do repolho e alface de todo o país. O município com a maior participação é o de Mogi das Cruzes, com 35% do valor bruto da produção da região.
Tipos de Agricultura
Durante o estudo, foram catalogados diferentes tipos de agricultura na capital paulista, como iniciativas não voltadas à comercialização, como hortas institucionais, hortas comunitárias e quintais produtivos.
Também foram identificadas agriculturas multifuncionais (que, além da comercialização, também estão voltadas para o sustento da família) e agriculturas comerciais (que têm maior capacidade de investimento e operam em pequena, média e grande escala).
Resultado do Estudo
Como resultado, a pesquisa revela que o agricultor comercial de médio e grande porte tem enfrentado altos custos de produção e baixos preços nos circuitos de comercialização convencional, enquanto que o agricultor familiar, opta pela produção orgânica com preços mais altos de comercialização (venda direta ou com até um atravessador) e pelo acesso garantido à terra para se viabilizar economicamente.
Ele ainda aponta que o potencial econômico e ambiental na adoção de sistemas de produção agrícola sustentáveis em cidades urbanas, contribui com a conservação e preservação do meio ambiente metropolitano. Além disso, reitera que a prática está associada, não somente à produção de alimentos saudáveis, mas à melhoria da nutrição e sustentabilidade das cidades e qualidade de vida dos cidadãos.
Outros Cases de Sucesso na Agricultura Urbana
Em muitas cidades da Europa, Estados Unidos, Ásia e Oceania, o incentivo à produção de alimentos em áreas urbanas e periurbanas já se transformou em política pública. Os berlinenses conseguem abater taxas e impostos municipais quando implantam e mantêm tetos verdes nos prédios ou casas onde moram.
Em Nova York, o Green Roof Tax Abatement Program e o Infrastructure Grant Program são dois programas que ajudaram a tornar uma das cidades com maior densidade populacional do mundo líder na prática da agricultura urbana.
A ideia de produzir alimentos suplementares não é nova e nasceu em situações de crise e tempos de guerra. No século 19, a horticultura urbana foi praticada na Alemanha, no Reino Unido, nos EUA e no Canadá como resposta à pobreza e à insegurança alimentar.
Nas guerras mundiais, a horticultura urbana foi praticada para amenizar a escassez de alimentos causada pela suspensão da produção e da distribuição, já que os meios de transporte haviam sido destruídos.