A apenas 10 milhas da costa de Aberdeen, na Escócia, cinco gigantescas turbinas eólicas de 190 metros giram silenciosamente sobre o Mar do Norte, gerando eletricidade limpa suficiente para abastecer cerca de 35.000 residências escocesas. O projeto Kincardine, a maior instalação de energia eólica flutuante do mundo, está liderando uma nova fronteira para a energia limpa.
Cada uma das enormes turbinas de Kincardine está montada em uma fundação flutuante, permitindo sua instalação em águas de até 80 metros de profundidade. Diferente das fundações tradicionais que são fixadas no fundo do mar, estas são ancoradas por cabos, possibilitando a implantação em águas mais profundas.
Este avanço tecnológico, inspirado em plataformas de petróleo flutuantes da década de 1960, mostra uma nova direção para a energia eólica offshore. Países como Noruega, Reino Unido e Itália, conhecidos por sua produção de petróleo, são agora líderes na área de energia eólica flutuante.
Embora o projeto de Kincardine ostente uma capacidade de 50 megawatts, ele ainda é pequeno comparado ao Hornsea 2, o maior parque eólico fixo do mundo localizado ao largo do estuário de Humber, com capacidade para abastecer mais de 1,4 milhão de lares. Atualmente, a capacidade eólica flutuante do Reino Unido é de 80MW, a segunda maior do mundo, ficando atrás da Noruega. No entanto, o Reino Unido é líder global em energia eólica offshore fixa, com 14GW instalados.
O futuro promete mudanças significativas. Até 2030, a capacidade dessas turbinas flutuantes deverá atingir 5GW, enquanto as fixas aumentarão para 60GW, de acordo com as metas do governo britânico para zerar as emissões líquidas. A expansão da energia eólica offshore é parte fundamental dos planos para reduzir o custo da energia.
Recentemente, a Crown Estate solicitou propostas para três novos parques eólicos flutuantes no Mar Céltico, com o objetivo de acelerar a construção dessas instalações inovadoras. A Renewable UK, associação do setor, projeta que, na década de 2040, mais da metade da geração eólica offshore no Reino Unido virá de turbinas flutuantes.
Apesar das oportunidades, o setor enfrenta desafios financeiros e de infraestrutura. Os custos de construção inflaram devido à inflação e interrupções na cadeia de suprimentos. A Norwegian Equinor estima que com o suporte político adequado, os custos de energia eólica flutuante poderão se alinhar aos das turbinas fixas até o início da década de 2030.
Desafios e Oportunidades da Energia Eólica Flutuante
Outro desafio crítico é a capacidade portuária do Reino Unido. Seus portos precisam ser ampliados e atualizados para suportar as gigantescas turbinas e fundações flutuantes, o que pode requerer um investimento de £4 bilhões. Este investimento pode gerar £18 bilhões em atividade econômica e apoiar 45.000 empregos até 2040.
Enquanto isso, empresas britânicas como a Rovco têm se destacado ao fornecer soluções digitais para desenvolvedores de energia eólica, demonstrando o potencial de crescimento do setor. O CEO da Rovco, Brian Allen, ressalta que a indústria de energia eólica flutuante está prestes a dar um salto gigante, com áreas em águas profundas expressando um potencial enorme para novos projetos.
A energia eólica flutuante está ganhando impulso e promete transformar o cenário da energia renovável globalmente, impulsionando o Reino Unido ainda mais na frente da revolução da energia limpa.