No final de 2021, o designer Joe Doucet revelou um conceito para uma turbina eólica extraordinária que não se parecia em nada com as turbinas típicas que pontilham nossas paisagens. Em vez de um monumental dente-de-leão, ela tinha a forma de uma parede escultural que podia aproveitar a energia do vento. Agora, esse conceito se tornou realidade com o lançamento de uma empresa chamada Airiva.
A Airiva é o resultado de dois anos e meio de pesquisa, interação de design, engenharia e testes em túnel de vento. Em seu núcleo, ela consiste em oito turbinas eólicas verticais inseridas em uma estrutura que é cerca de duas vezes o tamanho de uma pessoa média. Cada turbina tem a forma de uma hélice, e, juntamente com as outras turbinas girando em sincronia, o sistema se assemelha a uma cortina ondulando ao vento.
A nova versão é bastante diferente do conceito original, que parecia um mosaico cinético feito de pequenos painéis quadrados giratórios. Enquanto a versão antiga era menos óbvia em sua intenção, a nova versão é inconfundivelmente uma turbina eólica, o que, talvez, perca um pouco da magia.
Mas um conceito intrigante nem sempre pode se transformar em uma solução viável, e o objetivo da Airiva é oferecer um produto que seja viável, modular e bonito. Jeff Stone, que se juntou como cofundador e CEO no início de 2022, lembra Doucet repetindo uma frase várias vezes durante o processo: “Se não for bonito, falhamos”.
Uma turbina eólica bonita é apenas uma escultura se não for eficiente. Para encontrar o equilíbrio perfeito entre beleza e eficiência, a equipe experimentou 16 configurações de lâminas antes de reduzir a seleção para quatro e testá-las em uma instalação fora de Seattle. Dessas quatro, duas designs prevaleceram e foram testados em um túnel de vento na Universidade de Washington e em um túnel de vento maior na Costa Leste. Desses dois, a versão helicoidal saiu vitoriosa.
Capacidade de produção da Turbina Eólica
As turbinas eólicas helicoidais não são novas no mercado, mas a Airiva é mais do que a soma de suas partes. Como explica Doucet, a equipe passou muito tempo calculando a distância certa entre cada hélice para obter um benefício líquido de todas as turbinas operando contiguamente. Quando arranjadas em uma configuração precisa, uma unidade (uma estrutura com oito turbinas helicoidais) pode produzir cerca de 2200 quilowatt-horas por ano.
Para referência, a turbina eólica terrestre média pode produzir mais de 6 milhões de quilowatt-horas de eletricidade por ano, mas a Airiva não está tentando competir com a energia eólica em escala de utilidade. Eles estão competindo com a energia eólica distribuída, onde a eletricidade das turbinas eólicas é gerada perto de onde a energia é consumida, como em locais residenciais, comerciais, agrícolas ou industriais.
Se você possui uma casa de tamanho médio nos EUA e deseja que 100% da sua energia seja alimentada pela Airiva, precisaria instalar cinco dessas unidades para cobrir suas contas de energia — algo não muito realista, considerando que uma unidade mede cerca de 13,8 por 6,9 pés.
Doucet diz que o setor residencial não é realmente o foco aqui. Quando ele revelou o conceito pela primeira vez, recebeu um número “esmagador” de consultas de grandes empresas multinacionais, firmas globais de imóveis, empresas de energia, governos municipais e instituições públicas. E é precisamente aí que a equipe quer focar seus esforços — campi corporativos, rodovias, ferrovias, portos, marinas, etc.
Doucet diz que os compradores podem optar por uma única unidade com oito hélices ou instalar várias unidades para formar uma matriz de turbinas e aproveitar o vento ao lado de uma rodovia ou na periferia de um aeroporto.
A Airiva ainda não está pronta para o mercado. A equipe ainda precisa realizar três a quatro pilotos em condições variadas, o que os ajudará a validar seus cálculos e iterar ainda mais no design. Mas eles estimam ser competitivos com outros recursos eólicos distribuídos, tanto em termos de custo quanto de produção de energia.
Turbinas eólicas maiores sempre serão mais eficientes, mas Doucet acredita que há um bom compromisso com sua versão menor. Uma matriz de turbinas eólicas Airiva poderia ajudar as empresas a atingir a neutralidade de carbono mais rapidamente sem sacrificar a aparência de seu campus. Se alguma coisa, poderia tornar seu compromisso com a sustentabilidade mais visível — e mais bonito também.
