O conceito de “ouro que brota das árvores” pode soar como um conto de fadas, mas na Austrália, isso está se tornando realidade. O estudo recentemente publicado pela Organização de Pesquisa Científica e Industrial do Commonwealth (CSIRO) na revista “Nature Communications” confirmou que árvores de eucalipto na região de Kalgoorlie absorvem partículas microscópicas de ouro do solo através de suas raízes.
Este processo, chamado absorção de ouro, ocorre nas árvores de eucalipto devido à sua peculiaridade anatômica e habilidades adaptativas em ambientes ricos em minerais. As raízes, que penetram no solo a profundidades superiores a 30 metros, atuam como “bombas hidráulicas”, extraindo água que contém partículas de ouro. Este ouro é transportado para folhas e galhos da árvore, passa por transformações químicas, e é ‘limpo’, retirando sua toxicidade potencial antes de ser liberado de volta ao solo.
A descoberta desse fenômeno oferece uma nova perspectiva para a exploração mineral. As árvores de eucalipto podem servir como ferramentas biodetectores, fornecendo indicadores naturais para depósitos de ouro escondidos a dezenas de metros abaixo do solo. Esta nova abordagem difere radicalmente das técnicas de perfuração tradicionais usadas para detectar o ouro.
A detecção de ouro nas folhas de eucalipto foi possível com o uso da tecnologia avançada de raios-x no Síncrotron Australiano, localizado em Melbourne. Esta tecnologia permitiu a visualização detalhada das micropartículas de ouro, que são aproximadamente um quinto do diâmetro de um fio de cabelo humano.
Kalgoorlie-Boulder, o epicentro desse estudo, é uma cidade fundada na corrida do ouro e localizada 595 km da capital do estado Perth. Os eucaliptos, além de pertencerem ao gênero de plantas de flora dominante na Oceania, também são encontrados no Brasil, com Minas Gerais ocupando um significado 2% de seu território com plantações de eucalipto.
Esta incrível descoberta parece verdadeiramente uma fusão de ciência e natureza, dando uma nova luz à exploração de recursos minerais.
Leia o estudo completo da revista Nature.com