Ainda que sejam bastante úteis para congelar bebidas e condimentos, as caixas de isopor impactam gravemente o meio ambiente. Para substituí-las, uma dupla de estudantes americanos criou um cooler ecológico feito de resíduos de casca de coco.
Através da startup Fortuna Cools, situada na Califórnia, os jovens inventores criaram o material inovador em conjunto a produtores de coco filipinos e o comercializaram por meio de um financiamento coletivo na plataforma Kickstarter.
Como Se Deu o Cooler Ecológico
Após obter seus respectivos diplomas de pós-graduação em Stanford, o engenheiro David Cutler e a designer de produtos, Tamara Mekle, viajaram para as Filipinas para colaborar em um projeto escolar para melhorar o design de embalagens de peixe.
Porém, a dupla se deparou com outra indústria: o cultivo de coco. Lá, aprenderam que o resíduo dessa indústria são as cascas de coco, consideradas sem valor. Por isso, os agricultores as queimavam para se livrar delas.
No entanto, quando Cutler e Mekler investigaram o material, descobriram que ele tinha algumas propriedades potencialmente muito úteis.
“As fibras de casca de coco contêm toneladas de pequenas bolsas de ar presas — a mesma estrutura que a espuma de poliestireno expandido (EPS, também conhecido como isopor) usa para reduzir a transferência de calor (ou seja, condução). Na verdade, se compararmos o isopor e a fibra de coco num microscópio, dificilmente veremos a diferença”, explica Cutler em entrevista a revista Forbes.
Com a incrível constatação, os jovens estudantes buscaram formas de processar o resíduo para criar um cooler ecológico.
O objetivo era ajudar os pescadores locais (usuários assíduos de caixas de isopor) e agricultores de coco que, geralmente, queimavam os resíduos das cascas por não as reaproveitarem (liberando CO² na atmosfera).
Características do Cooler Ecológico
Nomeado Nutshell Cooler, o cooler ecológico mede 33 cm de altura, 47 cm de largura e 12 cm de comprimento — menor do que o Coconut Cooler, versão destinada a pescadores.
Ele contém 20 litros e pesa 8 quilos quando vazio. O design permite que o cooler dobre (até 15 cm) para facilitar o armazenamento, por isso, é destinado ao uso casual do consumidor, como recreações ao ar livre, viagens à praia, escapadelas de fim de semana ou compras de supermercado.
“O cooler ecológico manteve o gelo por mais de 48 horas em nossos testes, superando outros coolers em condições idênticas. Existem muitas variáveis que afetam a retenção de gelo como o conteúdo do cooler, a proporção de gelo, etc. Portanto, não podemos dizer exatamente quanto tempo o resfriamento vai durar, mas podemos dizer que vai durar mais do que a maioria das alternativas ao isopor”, explica Cutler.
Os resíduos de cocos utilizados em ambas as versões do cooler ecológico são provenientes de pequenos agricultores na região central das Filipinas e processadas nas proximidades da região rural de Bicol. Já o revestimento de PET reciclado do cooler ecológico é construído no sul da China.
Ainda segundo os jovens criadores, em cada etapa do processo de fabricação, foram taxativos sobre o mínimo de impacto ambiental do cooler ecológico. Desde o uso de materiais residuais como insumos até a limitação das vendas a locais onde o envio é feito via frete marítimo, emitindo menos gases estufa.
“Estamos construindo uma marca sustentável que se estende do Nutshell/Coconut Cooler a outros equipamentos reciclados. Estamos construindo uma comunidade que defende produtos naturais, desde embalagens a vestuário. Não há razão para que os plásticos dominem nossas vidas e, sim, para procurar soluções na natureza”, finaliza Tamara.