Em um evento recente promovido pela Folha de S.Paulo, o seminário “Energia limpa: a transição energética no Brasil” reuniu especialistas e representantes do setor para discutir o futuro das fontes de energia renovável no país. Com a presença de figuras proeminentes como Mauricio Tolmasquim, da Petrobras, e ex-senadora Katia Abreu, o debate focou em soluções sustentáveis que podem nortear a transição energética brasileira nos próximos anos.
Mauricio Tolmasquim destacou a importância da eletricidade gerada por fontes renováveis na descarbonização do planeta, mas ressaltou que setores como o petroquímico e siderúrgico ainda necessitarão de fontes alternativas como o hidrogênio verde. Ele apontou o hidrogênio verde, que pode ser usado na produção de etanol verde e combustíveis sintéticos, como uma das principais promessas a médio prazo, não apenas para o mercado interno, mas também como um potencial produto de exportação para a Europa, onde subsídios tornam o mercado competitivo.
Resumindo (TLDR)
- Importância da Eletricidade Renovável: Mauricio Tolmasquim enfatiza o papel vital da eletricidade de fontes renováveis na descarbonização e destaca o hidrogênio verde como chave para a transição energética, tanto para uso interno quanto como exportação, especialmente para a Europa.
- Crescimento do Etanol de Milho: Katia Abreu ressalta o aumento do etanol de milho no Brasil, sua disponibilidade e a produção de DDG, um subproduto útil na alimentação animal, apontando a necessidade de subvenções governamentais para o agronegócio com cautela na duração dos subsídios.
- Revisão de Subsídios no Setor Elétrico: Sandoval Neto, da Aneel, discute a importância de rever os subsídios que afetam a conta de luz do consumidor para equilibrar tarifas e incentivar a indústria nacional.
- Oportunidade de Liderança Global: Patricia Ellen vê na transição energética uma chance para o Brasil liderar globalmente e impulsionar seu crescimento econômico, mencionando biocombustíveis como o etanol de milho, SAF e hidrogênio verde como estratégicos para o PIB.
- Desafios na Governança do Setor Elétrico: Jerson Kelman critica a influência de lobbies e a falta de visão integrada no setor, com um consenso sobre a necessidade de uma abordagem pragmática e inovadora para aproveitar os recursos naturais e tecnológicos do Brasil na transição energética.
Desvendando o Futuro Energético: O Caminho do Brasil Rumo à Sustentabilidade
Por sua vez, Katia Abreu enfatizou o papel do etanol de milho, uma fonte de energia renovável que tem crescido no Brasil desde 2017. O etanol de milho é valorizado pela sua disponibilidade ao longo do ano e pela produção de DDG, um subproduto rico em nutrientes utilizado na alimentação animal. Abreu também destacou a importância das subvenções governamentais para o crescimento do agronegócio brasileiro, embora tenha advertido sobre a necessidade de limitar a duração desses subsídios.
O debate também abordou a questão dos subsídios no setor elétrico. Sandoval Neto, da Aneel, chamou a atenção para a necessidade de revisar os subsídios que impactam na conta de energia do consumidor, apontando para o desafio de equilibrar tarifas e incentivos para fomentar a indústria nacional.
Patricia Ellen, cofundadora da AYA Earth Partners, viu na transição energética uma oportunidade para o Brasil liderar a discussão global e alavancar o seu crescimento econômico. Ellen destacou o etanol de milho, o SAF e o hidrogênio verde como biocombustíveis estratégicos para adicionar valor ao PIB brasileiro.
O seminário evidenciou não apenas as oportunidades, mas também os desafios na governança do setor elétrico. Jerson Kelman, ex-presidente de empresas como Light e Sabesp, criticou a influência de lobbies no Congresso Nacional e a falta de uma visão integrada para o setor.
O consenso entre os participantes é a necessidade de uma abordagem pragmática e inovadora para a transição energética no Brasil, aproveitando a riqueza dos recursos naturais e tecnológicos disponíveis no país.
As pessoas também perguntam (FAQ)
Quais são as principais barreiras para a adoção do hidrogênio verde no Brasil?
A infraestrutura para produção e distribuição ainda é limitada, além dos altos custos iniciais de implantação e a necessidade de avanços tecnológicos para tornar a produção mais eficiente e menos custosa.
Como o etanol de milho impacta a segurança alimentar e a sustentabilidade ambiental?
Enquanto fornece uma alternativa renovável, há preocupações sobre o uso de terras agrícolas para combustíveis em vez de alimentos e os possíveis impactos ambientais do cultivo intensivo de milho.
Quais políticas públicas são necessárias para acelerar a transição energética no Brasil?
Políticas que incentivem investimentos em energias renováveis, melhorem a infraestrutura de distribuição, promovam pesquisa e desenvolvimento em tecnologias limpas e estabeleçam metas claras de redução de emissões.
Qual o potencial do Brasil na exportação de etanol e hidrogênio verde para mercados internacionais?
O Brasil tem grande potencial devido à sua capacidade de produção agrícola e recursos naturais. Investir em tecnologia e parcerias internacionais pode abrir portas para mercados que buscam alternativas mais sustentáveis.
Glossário
DDG (Distillers Dried Grains): Subproduto rico em nutrientes obtido durante a produção de etanol. É utilizado como ração animal.
SAF (Sustainable Aviation Fuel): Combustível sustentável de aviação produzido a partir de recursos renováveis, que pode reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa em comparação aos combustíveis fósseis.