O crescente número de pessoas em situação de rua é uma realidade no Brasil. Para mudar este cenário, existem entidades do 3º setor, como o projeto Horta Social Urbana/Cidadão Sustentável — que oferece aulas de agricultura urbana para essa parcela da população.
A boa notícia é que, após quinze semanas de aulas práticas e teóricas, dez pessoas se formaram neste mês de dezembro.
A Turma de Formandos nesta Pandemia
Em função da pandemia, o projeto se viu obrigado a reduzir o número de alunos de cada turma, além de readaptar os espaços das aulas de agricultura urbana, de forma a seguir as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e preservar todos os envolvidos.
Também por este motivo, o programa não realizará uma grande festa de formatura para esses alunos tão especiais. A celebração da formatura também será menor, sem a presença de convidados ou familiares para evitar aglomerações.
O que é o projeto A Horta Social (de Agricutura) Urbana?
A Horta Social Urbana foi criada em 2018 pela organização ARCAH. Ela teve como objetivo formar profissionalmente pessoas em situação de rua, através de aulas de agricultura urbana (jardinagem). Ao mesmo tempo, são práticas agroecológicas para cultivar alimentos: visam a reintegração dessas pessoas na sociedade e mercado de trabalho.
Sérgio Shigeeda, integrante do projeto, explica que a ideia é promover a formação sócio-pedagógica através da agroecologia, permacultura, empreendedorismo e psicologia. Tudo isso, focando na produção de alimentos saudáveis sem uso de insumos químicos e agrotóxicos; e promovendo a reintegração social e geração de renda.
“Show de bola o que uma Horta Urbana pode fazer. Ela une iniciativa privada com o poder público. Gera rendas por meio de um programa social e inclusivo. Coloca nos pratos, uma alimentação saudável e ainda melhorar o Planeta”, avaliou.
As pessoas selecionadas para fazerem parte do projeto, estão em Centros Temporários de Acolhimento (CTAs) e Centros de Acolhida da cidade de São Paulo. Além da formação em agroecologia e dos atendimentos psicológicos e terapêuticos, elas ainda recebem auxílio-transporte, alimentação e uniforme.
E como funciona o projeto de Agricultura Urbana?
O projeto, que dura 3 meses, é voltado tanto para a esfera social, quanto a comercial. Enquanto na primeira os cursos profissionalizantes são oferecidos às pessoas, na segunda, profissionais são admitidos para realizar a manutenção do cultivo dos legumes e verduras.
Além de colaborar ativamente para a reintegração social em situação de rua, ele estimula as cadeias produtivas, oferecendo alimentos mais saudáveis e sustentáveis para a população.
“Começar é difícil e recomeçar é mais difícil ainda. A gente sabe que a grande porta de saída para as pessoas que estão em situação de rua é o mercado de trabalho. É onde a pessoa consegue uma oportunidade de não depender mais de políticas assistencialistas”, destacou o prefeito Bruno Covas.
O projeto Horta Social Urbana/Cidadão Sustentável, tem apoio da prefeitura de São Paulo, e de instituições como Fundação Banco do Brasil, Itaú, Eletropaulo e Grupo Pão de Açúcar. Já são mais de 300 pessoas que passaram pelo projeto.
Agricultura Urbana em Amplitude
A ação pretende ampliar a oferta de alimentos livres de agrotóxicos em São Paulo, por meio da agricultura urbana. Todo o sistema de ensino empregado foca na criação de alimentos sem pesticidas, com destaque para os alimentos de cada época do ano.
Como resultado, o projeto pretende criar novas hortas sociais em terrenos baldios, telhados de condomínios comerciais e residenciais, além de outros espaços da cidade.
Já em relação aos formandos, a ARCAH os apoiará para que consigam reingressar no mercado de trabalho ou gerar renda a partir de hortas urbanas.
Aproximadamente 30% dos que passaram pelo projeto conseguiram emprego. Parte deles foram trabalhar na horta comercial que abastece um supermercado da rede Pão de Açúcar—, uma nova moradia e/ou retornaram para suas famílias.